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Mário de Ces |
Canções tristes sobre coisas tristes, mas com um travo amargo vem mais qualquer coisa, para além de alguma angustia, alguma coisa de caloroso. Vidas difíceis, vidas proibidas, clandestinas. Pouco recomendáveis, mas inevitáveis, o que seria de tantos desgraçados?
Cesariny, que traduziu imensa poesia, imagino eu, e não só: pintor, poeta, sei lá que mais.
Em vida recusou a sua estátua no Parque dos Poetas em Oeiras (ele devia saber bem o que fazia, não precisava desses encómios mundanos.
Era um poeta, e o poeta só quer que acreditem nele.
Acho que ele, como Jean Cocteau, fez aquela artimanha de desenrolar qualquer coisa em palavras e voltar a desorganizá-las e ficarem desenhos.
Já outros pegam numa guitarra e com ela enfiam numas cordas os sons dos poetas e embalam-nos. Fazem crer que não estamos sozinhos. Que como há uma terra distante da Radio, também há dos músicos, ou eles é que fazem uma emissão. (ando para me lembrar há que tempos de um filme do Clint Eastwood, que ele realiza e interpreta, que faz de radialista. Não era como o António Sérgio, era duma coisa mais calma. Era um lado muito humano dele, que veio ao de cima no Imperdoável.) Mas se me vou pôr a falar do Clint Eastwood nunca mais daqui saiamos.
Woman be wise dizem eles a cantar (os outros da musica na capela).