Aqui há uns tempos li algures que toda a música independente das últimas décadas foi beber alguma coisa ao punk. Retive esta ideia e estou de acordo com ela. Gostaria até de ser capaz de explanar ideias e dar árvores cronológicas, mas sou apenas um tipo que gosta de rock n' roll alternativo, mas que está muito longe de ter conhecimentos enciclopédicos sobre o assunto, como jornalistas do meio ou musicólogos.
Eu infelizmente acho a ideia fabulosa, mas não tenho muito por onde me estender. Até porque não negando a importância do punk, não sou ouvinte assíduo. Mas a atitude filosófica de romper com todo aquele barroquismo da música é mais do que a música em si o elemento fracturante do movimento. O seu estandarte. Daí que em atitude os músicos fora do mainstream sejam iguais, rompam com o comercial, com o que se ouve e vão em busca de outros sons, outros ambientes.
A espaços, na minha juventude, fui lendo o Blitz e ouvindo Som da Frente e outros programas que havia, a Ilha dos Encantos, o Intima Fracção. A saudosa XFM, que só ouvia quando ia ao Porto.
Já dissecar sons, distorsões, famílias de sons, árvores genealógicas do metal e suas derivações, da música electrónica, não é para mim. Não preciso dessa informação. Preciso de ir ouvindo, descobrindo, fruindo.
Mais uma vez há aqui muitos gajos inteligentes e espertos e bom ouvido que vão decidindo o que ouvimos em entediantes playlist obrigatórias.
Claro que Lou Reed e John Cale e Nico já tinham muita atitude há bem mais tempo...
Só não me revolto a sério porque a esta hora não dá jeito. Os vizinhos precisam de paz. Estão a dormir. E além disso, eu tenho um período fixo para essa atitude. Nunca depois do almoço que pode perturbar a digestão. E a esta hora não definitivamente.