Estou à espera que as fotos carreguem. O cansaço de algumas avarias começa irremediavelmente a fazer estragos. E a política pá. E a prima do Júlio também. E os mercados, pá!
Entretanto já me começo a revoltar. A ficar irritado. Também. Já nem tenho neste momento a ideia de conseguir fazer sentido. Tou sentado mas não estou bem sentado. Misturam-se coisas. Há imensas que vêm de longe. Vem da memória (isso do longínquo ou do próximo não tem interesse). As lembranças são fortes ou não Outras coisas voltam, instalam-se. É uma confusão.
Mas isso é apenas o processador das emoções que não tem capacidade para dar conta delas. É uma espécie de diabetes emocional.
E por vezes perdemos as estribeiras. Somos searas secas a quem basta um reflexo do sol num vidro para inflamarem e arderem rapidamente. Depois ficamos ainda mais áridos. E chamuscados. Deve ser aliás esta maneira fátua de lidarmos com certas coisas que nos dá o traço latino. Não é mau vir-se de uma civilização que tinha tanto em conta a higiene. Era bom ter-se o azeite e fruta e vinho e tanta coisa deliciosa, mas os bons alunos deram nisto.
Nunca fui muito marrão, mas tenho a mania de levar muitas coisas a sério. Não descontraio. A alguns bons alunos falta-lhes a centelha do génio para poderem mandar. Eu cá não sou muito de mandar. Sou até mais de andar por aí a estudar caras e tentar adivinhar-lhes os pensamentos (ou outras coisas piores, como sabem não sou responsável por uma parte dos meus pensamentos, sobretudo aqueles que a minha moral burguesa, de que me tento demarcar, me censuram a génese)
ou a tirar fotos, e apanhar qualquer coisas de jeito nas redondezas é cada vez mais difícil.
Sim, porque estas actividades são extra-curriculares. Na ânsia de fazer algo que se veja não gozo o que estou a fazer. Mas já foi muito pior. Por isso tento sempre fazer o que devo primeiro e depois dedicar-me sem rédea ao prazer, a todos os prazeres que me são permitidos. Muitos.
Sempre tive esta ideia, de tentar, através da escrita e dos processos mentais que ela exige, de tentar compreender os outros. Não digo toda a gente. Gente que me fascina, que me rodeia. Com quem tenho o gosto de me cruzar.
Vivi muito tempo sem encontrar pessoas que me fascinassem, que me trouxessem novos cambiantes às minha existência. Precisamos disso, de leves tremores de terra que nos abram As Portas de Percepção, porque foi o senhor Aldous Huxley (sim o da soma d' A Ilha). E eu fui ter ao fulano já não sei bem se sozinho, se foi um outro senhor, o James D. Morrison, dos The Doors, que mo apresentou. Que isto no mundo dos espíritos as apresentações são muito informais. Os artistas tem mau génio (e os outros também).
Uma pausa para ir lá fora. O Óscar tem a amabilidade de ladrar quando volta do seu passeio higiénico quando chega, para eu fechar a porta do quintal dele. Os cães também se adaptam.