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Alentejo

01.05.13
O Alentejo alonga-se
ávido e sem horizonte
ao som de Ry Cooder
sinto a guitarra serrar-me
os tendões
numa palidez amarelada
de moscas 
(pousadas em cima das vacas).

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...

01.05.13
Sob o guarda sol
está uma rapariga
de olhar enigmático
os lábios carmim
vestida cor de laranja
suculenta cor
lhe encereja as maçãs
um fogo brando

que vozes lhe murmuram
ao ouvido?
apelos pungentes de anjos?
uma maldição concreta de bruxa?

o guarda sol é colorido
primavera berrante de cores
o pintor era um bêbado qualquer
usava longas tranças 

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Repentinamente

01.05.13
Às 01:23:40 o motor entra em altas rotações e sou incapaz de lhe enfiar rédeas, a estrada é percorrida com voracidade: o único nome para mim então é Roger Vaillant. A paisagem é o grito do E. Munch. Mas falta-me o stereo. A viagem alucinante levar-me-á até ao son(h)o? Certamente que ao sono.

Lamego, sem data (há 25 anos atrás)

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E.N. 1 Leiria-Pombal

Camiões rolam a altas rotações
aquele Alfa vai na esgalha
um ser invisível, eu
que até não esteve ali
a cromática dos faróis
a via rápida é um território
de máquinas que circulam na vertigem
homens promiscuindo-se na técnica




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On the road

01.05.13

A experiência mais "on the road" que experimentei, aí pelos vinte anos, foi andar à boleia na antiga estrada nacional nº 1 à noite. E por estranho que pareça até naquela altura era possível dar boleia a um desconhecido numa bomba de gasolina. Era encontrar um camião em que fosse possível caber e pedir com educação. Nunca me disseram que não. E no entanto os camionistas tem fama de ser pessoas rudes. 



E tudo aconteceu porque me esqueci da carteira com o bilhete de comboio no automóvel do amigo que me veio trazer a Pombal. Depois de verificar o sucedido, reagi pondo-me a caminho a pé de novo para Leiria. Mas uns kms volvidos as minhas pernas começaram a queixar-se e tive essa ideia ao dar com uma bomba de gasolina. Era um puto de cabelo cortado a pente zero. Andava em Vendas Novas na altura, na recruta do serviço militar. E safei-me. Ainda repeti a graça uma ou duas vezes. Tenho até um poema  dessas aventuras e dos comboios nocturnos que me traziam para casa onde às 3 da manhã havia uma sopa de couves galegas e dois ovos estrelados.   

Em tudo isto fica patente que face a dificuldades por vezes achamos caminho, mais difícil, mas ainda assim caminho. E seguimos em frente.





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A propósito deste filme e para abreviar escrevi apenas Sierra Madre e aparecerem os Raramuri, que vivem para correr (agora dos traficantes de droga) e correram para fora da vista do Espanhóis . 

São uma inspiração para quem gosta de correr.

























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