Sem fotos para me excitar a imaginação e com poucas pedras no horizonte, e nenhumas para mudar, prossegue a saga da ergonomia.
A solução de recurso ainda não foi melhorada, uma tábua ou outro elemento já quase pronto podia ter-me dado uma solução, uma calha é que vinha a calhar, mas mesmo isso envolve algum tempo.
Cada vez temos menos tempo. Afazeres e mais afazeres para ter. Ou para manter. Sempre quis no meu íntimo algo mais simples do que o que aquilo que julgo que tenho. Não tenho nada a bem dizer... não sou o único que tem Espadas de Dâmocles e que tem que viver com isso.
O Sonho tem um preço. Utilizo maiúsculas porque se pode considerar de colectivo. Os sociólogos podem começar a dissecação. Ainda não se sabe bem o resultado final.
Assustam as mudanças e os traumas das mudanças. Se pensarmos muitos nelas acabamos por ser vítimas de outros estados de espírito, não somos como o Mr. Spock.
Se olhares muito para o abismo, o abismo também olha para ti. O tio Nietzche tem razão. Podemos exponenciar o sofrimento que algumas mudança se pensarmos muito nelas.
Mas já experimentaram olhar para algo escrito e não lerem?
Talvez certos pensamentos e ideias nos dêem jeito, devido à conjuntura, e depois não são tão boas ou revelem a outra face nos nossos quotidianos.
Aqui não há anjo, a existir, que nos possa valer. Porque apenas nos podemos queixar basicamente de nós próprios (aliás até é próprio o plural, significa que não sou nenhum Otário, ou então isso passou a fazer parte do código genético aqui do condado).
Os filósofos que conheci na escola eram para isso mesmo: pensa por ti próprio, vais ter que fazer isso durante a tua vida. Mas esqueceram-se de dar umas luzes sobre as emoções e sobre os defeitos.
Foi pomposo dizer conhece-te a ti próprio. Mas alguém me ensinou a lidar com Luas, com fases da Lua e com temperamentos? Nomeadamente o meu?
Devia haver uma disciplina de auto-ajuda na Escola!
Mas isto resolve-se da seguinte maneira: tudo mais simples. Sim senhora! E a saúde e a escola dos putos e tudo o resto a que podemos estar ligados?
Pregar o desprendimento num blogue, sentado num local confortável e limpo e com acesso à net e tudo o resto, e daqui a bocado tomar um duche quente, pode ser gozo.
Mas não. Não é gozo. É uma ideia de conjuntura. É um ideia de realidade. De vez em quando olho para as pedras bonitas que aqui tenho em frente, De vez em quando olho para elas, admiro-as, mas não elas que me vão resgatar, são apenas belas porque as escolhi entre muitas outras, porque me deixei deslumbrar pela sua beleza. Pelas suas tonalidades, castanhos, riscas brancas, contrastes nítidos, veios. E são arredondadas, polidas pelo tempo, dizem os poetas. São belas e são suaves ao toque. Quanta água salgada, quanto vento, quantas pancadas não sofreram para agora as admirar.
Quanto tempo durou até ficarem assim? E o que é que aconteceu por aí? Mas como os Anjos de Berlim não podem dizer-nos. Ficam aqui nesta quietude, neste repouso, a inquietar-me, com o que elas passaram e com o que eu e toda a malta tem que passar. Mas elas limitam-se a ser belas. Nada mais.
E eu escrevo a pensar se não fico louco entretanto, ou se alguma borboleta não me faz ficar louco.
Este sonho é bem real: ir ali ao canteiro buscar uma hortelã-pimenta em flor e fazer um chá tépido.