As redes sociais são de borla. O correio electrónico, o alojamento de fotos e de ficheiros, a Nuvem, é de borla.
Não é a primeira vez que começo a desconfiar de tanta generosidade. Sabemos que um algoritmo nos direcciona publicidade (somos um alvo). É um preço justo que pagamos, esse incómodo. Para quem repara. Eu nem sempre reparo sequer.
E desconfio apenas porque acho a esmola grande. Devo desconfiar. Não passo é deste estado sem solução. Adivinho lá se esta refeição pode vir a custar caro.
E adio a passagem de estado com a explicação de que, se preparam alguma, não é para já: havemos de estar dependentes totalmente da Nuvem quando isso acontecer.
Eu já tenho partes da minha vida na Nuvem que não tenho no disco. Foi para isso que as coloquei lá. Para estarem disponíveis neste botequim. Basta abrir um separador.
Recebo cada vez menos cartas. Ainda bem. As cartas que recebo são contas ou publicidade endereçada. Nunca espero nada de bom da minha caixa do correio tradicional.
Podem acontecer catástrofes piores que perder essa informação, mas para os que baseiam parte da sua vida nesta mudança irreversível, pode ser uma tragédia das graves.
Claro que toda a gente faz back-up. Fiz muito poucos e já me esqueci de qualquer informação que tenha perdido (a discografia dos Smashing ainda não me esqueceu).
E a informação existente não está totalmente segura. Neste reino não existem Fortalezas inexpugnáveis.
E estou a falar da informação reservada. Não do publicamos de nós nas redes sociais.
Eu dei um passo em frente, mas o meu foi propositado e com o objectivo de divulgar o que escrevo.
Se não fossem as redes sociais tinha começado outra vez a escrever? São elas que hoje me permitem divulgar o que escrevo e conhecer algum ricochete disso.
Mesmo o livro que escrevo, já o escrevi aqui, e agora mesmo estou a escrever já outro. É isto que vou escrever: crónicas. Da Terra Média, da Terra Média II?
Esses textos já têm, inclusive, título. Dependo, no entanto, deste formato, desta possibilidade de comunicar com os outros.
Cada um usa as redes sociais como é. Catalogá-las não me interessa. O que me interessa é divulgar o que faço no meu tempo livre.
Parte da vida foi transferida para aqui. Eu sofreria horrores sem as redes sociais. Ainda que seja um caso particular. Isso não me dá o direito de fazer apreciações ao uso que cada um dá a isto. Desde que os principio da educação e da legalidade sejam respeitados.
Eu só tenho isto. Não tenho editor, comecei há pouco e não reclamo nada. O que já tenho é mais do que o que supus alguma vez alcançar. Embora queira mais.