Há 3 três dias que não tomava banho e por qualquer razão que desconhecia não se via a tomar banho nos próximos tempos. Não que essa possibilidade lhe parecesse estranha ou desagradável. Simplesmente mantinha-se limpo nas zonas necessárias. A barba já fazia comichão na pele.

Pensava se não lhe aconteceria o mesmo com as unhas e os cabelos, a crescerem para dentro dum rabo de cavalo. E os pés descalços que não se magoam no rio, descalços, e aqui dão topeiradas escusados nos aros das portas.
Quase que lhe parecia aquilo uma penitência a cumprir com resignação. Assim como o automóvel. A apanhar desnecessariamente com chuva na parte da frente. Apesar das chaves permanecerem na parte exterior da porta, por esquecimento, parecia que o seu corpo está magnetizado de molde a impedi-lo de sair daqui.
Como não houvesse nada de interessante lá fora, ou houvesse tanto que não saberia por onde começar.
E por ali andava em auto gestão de horários e de tarefas, a transportar lenha durante o dia, e a limpar o fogão como deve ser. A lavar o terraço com água aproveitada das beiras do telhado em filhas de bacias, paralelas a caixotes de plástico com tabuleiros improvisados de pedras.
Com o Plano a falhar pelas condições adversas da meteorologia, ou por o cão se andar a escapar sempre para sitio desconhecido, ignorando bolachas.
Nem o outro está perto de ser cumprido, hoje é dia de balanço, depois de desfeito o feitiço do banho e as chaves ainda permanecerem à espera de serem colocadas no local próprio. Esquecer-me das chaves do automóvel é mesmo bom.