No mesmo dia em que um pensamento me acompanhou, é um pouco paradoxal topar com este artigo de uma família de um dos mais abastados países do mundo que vive quase sem usar o dinheiro.
... porque para além da chuva e das nuvens, foi recorrente esta ideia de que recuperei hoje parte da minha dignidade porque a viatura está pronta. Andei hoje assim todo contente a dar-lhe uma barrela.
Mas a dignidade não reside no automóvel que temos. Ou na casa, ou em outros valores materiais.
Eu sei, essa conversa do desprendimento, blá-blá-blá, mas depois sou como todos os outros. Sucumbo aos mesmos males.
Mas isto é como é. Não sou nenhuma jóia da coroa, jóias da coroa são o Gandhi, o Agostinho da Silva, o Martin Luther King, o Manoel de Oliveira, e tantos outros (só evoquei alguns mais consensuais).
Nós, seres normais, também temos todos, outros heroismos, outras façanhas silenciosas. Mas não ficam para a história (não haveria grande espaço para armazenar essa informação, nem ela é útil).
E o humanismo que tento reivindicar é isso mesmo, é perceber as fragilidades e tentar que elas não ganhem nem que seja pela margem mínima.
Esta conversa é antiga, vem do momento em que o homem primevo olhou a Lua cheia e pensou o quê? O que é que ele pensou?
Ou o momento em que o primeiro homem olhou para uma mulher e não viu apenas o saciar dum apetite, o isco da prossecução da espécie ?(também serve para outras conversas, mas a mim passam-me um pouco ao lado).
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Ou pintou cenas de caça nas cavernas que tinha por abrigos.
Ou esculpiu baixos-relevos com animais das redondezas.