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Uma conversação de duas moscas ao canto do ecrã é acontecimento de registo. Uma delas entretanto desistiu, alertada de perigosidade. Da toxicidade. Da mistura do suor com o riso. Voltou. Parece que tenta convencer a que cá ficou ir-se embora. Isto não é local de frequência para uma mosca. Nem eu o devia estar a frequentar a esta hora. Deve ser por isso que não me importo muito com as olheiras, nem com o fim da linha da lista de músicas. As moscas permanecem por ali, já não sei se não estarão em meditação transcendental. Tento atrair a sua atenção com o apontador do rato; permanecem quietas embora uma delas coce as patas e movimente as asas. finalmente engalfinharam-se e umda delas abandonou de novo o terreno do jogo, não sei se a mesma de há pouco.

Quando me preparava para me regozijar com o facto de serem menos duas moscas a esvoaçarem um pouco, a chatear-me a superfície sensitiva da minha pessoa, pouco apessoada. Bem ouço uma, de vez em quando, irascível...

Voltou a restabelecer-se um par de moscas, nem me deixam reflectir nas consequências transcendentais da espécie humana. Lutam num estranho bailado, visto nada saber de bailados em geral, muito menos de moscas. Não sei se o símbolo do blogger é que as está a atrair. Pode ser um algoritmo escondido. Para que as mosca ali se reúnam, para me deixar a mim em paz. 

Há muito poucos especialistas públicos de moscas em Portugal. E os que há nem sequer dão a cara. Deviam dar conselhos práticos para evitar tal companhia. Dar treino de fogo real para as pessoas que estivesse mais desesperadas. Com uma vertente de soluções ecológicas. E reclames de mata-moscas; é um ramo da produção que não evoluiu nada. Os mata-moscas continuam a ser um objectos de plástico pouco belos, embora eficazes, para o fim nobre de manter em sossego esvoaçante. 

Deviam utilizar o acelerador de partículas para inventar um ultra-som eficaz, que as afastasse da vista e sobretudo do contacto com a nossa pele e o cabelo.

De qualquer modo eu tive um vislumbre durante a descrição que acabo de fazer, que me escapou, tão rapidamente como a outra mosca que agora desapareceu dos radares. Nunca por muito tempo, há sempre uma mosca disposta a tomar o lugar da que acabou de esvoaçar dali. 

Deve ser uma estranha atracção de luz ou outra simples explicação, que se pode encontrar ao lado numa pesquisa. Tenho a esperança de que ao reler esse vislumbre me ocorra de novo. Foi antes de falar sobre (lamento, parece até que se passam por aqui obscenidades deste lado do ecrã, neste submundo). Este ano há imensas moscas. Não fui treinado para esta demonstração de força de um elemento, aparentemente de desprezar. Ouso até interpretar gestos dessa espécie como se estando a borrifar para o que o se passa aqui e sobretudo sobre o que é dito sobre elas. Podem-se até sentir-se ofendidas. Mesmo minúsculas, tenho que as continuar a matar, apenas porque me vem aborrecer. É uma estupidez! Eu tenho sempre a auto-defesa como argumento.

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