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Desta falésia sou a fogueira que te guia ao aconchego. Um farol incompleto sem o teu alistamento.
Ainda não descobriu nem quando nem se virá. Não há um dia agendado para isso. Ele convenceu-se de que viria e desde então estava à sua espera, emboscado, vigilante. Quantos Falsos Alarmes soaram desde então. Foram todos falsos alarmes. O hábito dos falsos alarmes consecutivos firmou a ideia de que seriam então todos falsos. A prontidão que pensava dispor era mantida com esse motivo. Falsos ou verdadeiros, estava no contrato que teria que acudir a todos. Sendo assim, será então preferível que os dê a todos como falsos, comparecendo de boa vontade por os saber Falsos e apenas requererem prontidão entre o alarme e o acudir ao mesmo. Um Alarme a sério daria muito mais canseira a resolver.
Em determinada altura um pressuposto Falso, do Alarme ser Falso, trará um verdadeiro. Quando isso acontecer certamente não terá tempo para se lembrar que acabara de deixar de ser Falso o Alarme. Será evidentemente demasiado tarde para acções de fuga. Também está no contrato a assistência a Alarmes Verdadeiros, embora nada garanta que possam ocorrer
Podia até ser bem possível que, instalado no conforto da certeza da Falsidade desses Alarmes (Falsos) se habitue a que seja essa a natureza do seu ofício. Nada garante com absoluta certeza de que ocorrerá algum Alarme Verdadeiro. Supor que sim foi um acrescento clandestino. Permanece o conforto do contrato, assistir a todos os alarmes com prontidão. Assim é avaliado o seu desempenho. Não a resposta de facto a um Alarme Verdadeiro.
A vontade de um Verdadeiro Alarme. Ou capricho. Criou no espírito a ideia de que a verdadeira avaliação seria durante a assistência a um Verdadeiro Alarme. Criou até na ideia que tal ocorrência o poderia fazer-se sentir realizado nesse ofício. Não estava nos seus propósitos desistir só por esse motivo. Esquecer-se da possibilidade seria o desejável. Era outro dos seus trabalhos interiores, que o contrato não previa remunerar.
« Da porta, Sifakas via o trovador subir a encosta, patinhando a neve. Trassaki segurava na mão do avô e seguia também com a vista o estranho visitante. Quando, por fim, Kriaras desapareceu, o velho voltou-se para o neto.- Compreendeste? - perguntou. -Jesus, Creta, o anel de noivado...- Não gosto de contos de fadas - replicou o rapaz. - Já sou muito crescido para isso.- Gostarás quando fores ainda mais crescido - murmurou o avô. E calou-se.»
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Foto: Raja NurshahidayuAutor: Desconhecido |